A inseminação artificial não é um bicho de sete cabeças. O que acontece é que provavelmente você vai chegar até ela já bem assustada. Assustada porque está tentando há um tempão, assustada porque o tempo está passando e você sabe que seu estoque de óvulos está baixando, assustada porque nem todo o médico tem a delicadeza necessária de dizer por que você deveria fazer um. Muitas vezes a gente se sente quase obrigada a fazer porque, se não, parece que está abrindo mão do sonho de engravidar com uma solução tão fácil “ao alcance da mão”. Ou como disse um médico a uma amiga minha: você até pode subir as escadas, mas pegando o elevador é mais rápido.
Muita calma nessa hora. A inseminação não é para a gente “conseguir mais rápido”, até porque, estatisticamente, ela aumenta em apenas 20% as chances de engravidar. E essa pressão do tempo é bem ruim porque faz parecer que ela é um atalho, o que pode trazer boas doses de decepção se o processo não funcionar.
Mas, então, quem deve fazer? O ideal mesmo é quem identificou algum tipo de problema que não será resolvido tão rapidamente, mas que não impede a fecundação nem a fixação do embrião no útero (ou seja, quem tem algum probleminha não resolvido no útero, ou endometriose, ou endometrite, por exemplo, tem poucas chances porque “o problema é mais embaixo”). Assim, se os espermatozoides do seu marido/namorado/companheiro têm baixa motilidade (ou seja, são devagar-quase-parando) e isso não melhorou com nenhum tratamento (como o do comprimido Androsten, de que logo, logo vou falar aqui), vocês são um casal com boas chances de aproveitar a inseminação ao máximo. Ou se você tem problema na produção do muco, ou se se muco produz leucócitos, que são as células de defesa do organismo, quando em contato com o esperma. Foi este o meu caso e identifiquei em um exame chamado pós-coito. Sim, nome horrível, mas em breve conto como foi. É um exame bem simples, aliás.
Voltando à inseminação: quando eu fiz, em São Paulo, há pouco mais de dois anos, a minha custou R$4.000, mais ou menos. Este custo envolve os medicamentos injetáveis (tá com medo? Leia aqui) para estimular sua produção de óvulos; a injeção hCG, que controla o exato momento em que você vai ovular; a coleta dos espermatozoides do seu marido; a “filtragem” dos espermatozoides, que seleciona apenas os melhores, com melhor morfologia e mais velozes; e a inseminação em si, ou seja, a hora em que o médico, com um instrumento que lembra aquele que ele usa para colher o Papanicolau (exame que toda mulher TEM que fazer anualmente), coloca os espermatozoides bem pertinho do seu útero.
Fisicamente, não dói nada: é a mesma coisa que uma consulta ginecológica com coleta de Papanicolau. Emocionalmente, é tenso pela expectativa que a gente coloca no processo. Depois disso você vai pra casa e tira o resto do dia de repouso: é bom ficar quietinha, deitada por umas duas horas, e sem levantar peso nos próximos 15 dias. Também existem umas cápsulas que a gente insere duas vezes por dia na vagina: é como um supositório, superfácil de aplicar. Elas liberam progesterona, hormônio que ajuda na implantação do embrião e na manutenção da gravidez durante o primeiro trimestre. Passados cerca de 15 dias, você faz o exame. Provavelmente seu médico já terá te dado o pedido para o exame de sangue, cujo resultado é mais confiável que os de farmácia. Enquanto isso, procure relaxar da forma que você mais gosta e aproveite esses dias para alegrar seu coração: coma aquele seu chocolate favorito, dê mais atenção ao seu cachorro, escute músicas que fazem bem, saia para dar uma voltinha com a sua mãe. Manter a cabeça tranquila, na medida do possível, vai ser importante para diminuir a ansiedade que ronda esses dias.
Ah, e eu não engordei nadinha com as doses de hormônio, caso você esteja se perguntando. Conheço quem inchou bastante e quem engordou porque descontrolou o apetite devido ao nervosismo. Mas cada caso é um caso e vale se manter hidratada, claro. Se você inchar, é só o processo terminar para seu corpo voltar ao normal. Ou não 😉
*Foto: Flickr/Jacqueline Sanches
Vani 4 de janeiro de 2018
Amei a delicadezana exposição da matéria, gostaria que me informasse onde fez a fertilização.
Abco
Pri Portugal 5 de janeiro de 2018
oi, Vani, td bem? Fico contente que tenha gostado da matéria. Seja bem-vinda ao Cadê Meu Neném? <3 A inseminação eu fiz em São Paulo, com o dr. Mario Martinez. A fertilização eu não recomendo o local onde fiz, menina 🙁
Milena 30 de dezembro de 2018
Bom dia. Qual a clinica que vc fez o precedimento? Gostei do valor gasto de 4mil.
Pri Portugal 11 de janeiro de 2019
Fiz na clínica do dr Mario Martinez, da maternidade São Luiz, no Itaim. Mas já faz alguns anos…
Solange Dantas 14 de maio de 2019
Sou super ansiosa,esse ano completo 39 anos,louca p/ser mãe,mas…Falta o principal (com quem). Então um amigo que teve seu único filho assassinado gostaria de ser pai novamente e quer doar o sêmen p/que eu faça inseminação realizando meu sonho de ser mãe e o dele de ser pai novamente, queria saber se o procedimento é mesmo eficaz e se você sabe me indicar algum lugar aqui no RJ confiável!? Muito obrigada !!!
Pri Portugal 17 de maio de 2019
oi, Solange, seja bem-vinda ao Cadê, desejo que se sinta acolhida aqui. Vou ser bem sincera com vc: não sei como seria essa situação. Inseminação com espermatozoides do marido/namorado é possível, assim como produção independente com espermatozoides de um banco de doação anônimo. Seria importante você conversar com um médico especialista em reprodução para entender como funcionaria seu caso. Infelizmente não saberia te indicar ninguém no Rio, mas recomendo que procure os grupos de FIV no Facebook e peça indicações por lá. As meninas são supergenerosas 🙂 Bjinho