A gente fala sobre “fixação do embrião”, sobre “implantação”, sobre “inseminação artificial”, sobre “endometriose”… mas pode apostar que você só vai entender todos esses termos se souber o que é o endométrio. E eu só me liguei desse detalhe quando uma amiga, que tenta engravidar há anos, comentou comigo: você acredita que só esse mês descobri o que é o endométrio?
Acredito, menina! As pessoas acham que a gente nasce sabendo, né? Mas, apesar de ele estar no corpo de cada mulher, demora para entendermos a complexidade do famoso sistema reprodutor feminino. É uma pena, mas temos perdido o contato com nosso corpo e hoje mal sabemos reconhecer seus ciclos e sintomas. Mas vamos começar pelo básico: o endométrio.
Tá vendo a figurinha que abre este post? Ela é de um útero. E tá vendo aquela linha mais escura, bordô, dentro dele, no formato de um triângulo? Esse é o endométrio! Ele é um tecido – ou mais especificamente uma membrana mucosa – que reveste o nosso útero e muda de espessura ao longo do ciclo menstrual e de uma possível gravidez.
O endométrio fica mais espesso quando o nosso ovário libera os óvulos (você já sabe, mas não custa lembrar: a ovulação costuma acontecer no 14º dia do ciclo, sendo que o 1º é quando sua menstruação desceu). Adivinha por quê? Porque se esse óvulo encontrar um espermatozoide e virar um ovinho (que também tem o nome horrível de zigoto), ele vai precisar de uma caminha bem confortável para se acomodar e virar um embrião e, se der tudo certo, um bebê.
Se não rolar nenhum ovo, o endométrio “entende” que não precisa mais estar lá, fortinho e fofinho, e… se desmancha em forma de sangue. É o que a gente conhece como menstruação.
Quando algo dá errado no endométrio
Já deu para ver como esse tecido é fundamental para quem deseja engravidar, né? Acontece que nem sempre ele se comporta assim, direitinho. Algumas vezes, ele não fica espesso quando deveria – e você precisa de um acompanhamento médico e, provavelmente, de algumas doses de hormônio regulador para fazer ele trabalhar e abrigar seu embrião. Outras, ele resolve se espalhar para fora do útero. Crescer mesmo, desordenadamente, e fazer uma confusão no organismo da mulher – podendo chegar até ao intestino, por exemplo! É a temida endometriose. Por fim, ele ainda pode desenvolver tumores (sim, infelizmente) ou uma inflamação crônica, conhecida como endometrite.
E aí, enquanto você não se curar, nada de bebê. Então preste atenção neste ALERTA! Pela minha experiência e a de todas as meninas com quem eu tenho conversado, NÃO ADIANTA fazer nenhum tratamento caríssimo de fertilização se você não investigar e, se for o caso, tratar o seu endométrio. Com ele irregular ou inflamado, seu embrião não vai querer se fixar. É fácil entender: você ia preferir dormir em cima de um lençol sujo, rasgado e cheio de bolinhas ou em um de algodão egípcio perfumado e fofinho? Pois é, gente, os embriões não são bobos.
Por isso, se o seu especialista em reprodução disser que você “não precisa investigar o endométrio”, afinal, não tem “cólicas que te impossibilitam de andar”, bata o pé! Exija examinar esse tecido que reveste seu útero. Depois de um ultrassom transvaginal, com preparo intestinal, e de uma ressonância magnética – no mínimo! – você vai poder saber com mais segurança se está tudo bem por ali. Eu levei seis anos para aprender isso.
Dica: o exame de sangue CA125, que alguns médicos ainda pedem, não é suficiente para detectar uma endometriose mais silenciosa. Menos ainda uma endometrite. Mas isso já é assunto para outro post. Fique de olho aqui no Cadê Meu Neném?!
Foto: Flickr/Servier Medical Art
2 thoughts on “Afinal, o que é o endométrio e por que ele é tão importante?”