O que sente um quase-pai? Um depoimento do meu marido

Os homens sofrem mais calados, por isso, decidimos compartilhar hoje o depoimento do meu marido, que foi um quase-pai por sete anos.

“Quando se espera tanto por um neném, você comemora o Dia dos Pais antes de ele nascer.

Os frequentadores do Cadê Meu Neném já conhecem um pouco da minha história com a Pri e sabem que foram 7 anos tentando até nosso primeiro positivo. Como alguns amigos cobraram a minha versão da história, achei justo compartilhar com vocês no dia de hoje.

Se você decide enfrentar a infertilidade, você pode fazer isso de vários jeitos. O nosso foi fazer isso juntos, compartilhando nossos medos, angústias, pensamentos. Tudo.

Gera mais discussão, mas garante cumplicidade. E, acreditem, faz diferença, pois não teríamos conseguido se tivéssemos nos isolado, cada um, na sua própria dor.

Foi muito mais dolorido para a Pri, pois foi o corpo dela que se submeteu a mais procedimentos e tomou todas as injeções. Eu fiz alguns exames simples e, em geral, servia apenas para segurar a mão dela. Mesmo assim, você não passa incólume se está junto.

Vi a tristeza de cada roxo deixado pelas injeções. Convenci que ela continuava linda apesar dos hormônios, corticoides e hematomas. Tentei passar coragem quando estava morrendo de medo. Briguei por ela. Briguei com ela. Apoiei suas decisões. Quase pedi para desistirmos quando ela praticamente desmaiou de dor durante o exame de histeroscopia. Comemorei cada folículo, cada óvulo, cada blastocisto. Sofri cada negativo. Chorei, gritei, implorei. Esperei. Neguei tudo o que acreditava. Rezei as orações conhecidas. Busquei novas orações. Desisti após o terceiro negativo. Apoiei quando ela resolveu insistir. Convenci sobre o novo plano de tratamento. Apostei as últimas fichas. Duvidei do Beta HCG. Confirmei o resultado. Comemoramos.

Quando se ama uma mulher extraordinária, você faz tudo isso sem pensar duas vezes.

Passada a tormenta, as lições que aprendemos foram: aconteça o que acontecer, passem por isso de mãos dadas; ninguém conhece o corpo de sua mulher melhor que ela própria; insista em obter um diagnóstico; informe-se; defenda suas convicções; busque alternativas; siga os tratamentos; envolva-se do começo ao fim. Também não teríamos resistido se não tivéssemos desabafado e pedido ajuda para nossa família e para nossos amigos, pois todos nos apoiaram incondicionalmente e, sim, existem alguns médicos que honraram seus juramentos e fizeram toda diferença na nossa vida.

Hoje, tudo isso é um filme com final feliz. E este é meu primeiro Dia dos Pais”.

Mikael Lima


7 thoughts on “O que sente um quase-pai? Um depoimento do meu marido

  1. Lilian Responder

    Pri, muita emoção ao ler isso, lindo demais ter um companheiro desses! Que a vida reserve muita felicidade e harmonia para a chegada desse filho. Vocês têm me profunda admiração, tu porque és uma mulher extraordinária realmente e Mikael conseguiu compreender toda luta/luto, que encontro, hein?! Lindos Demais! <3

    1. Pri Portugal Responder

      <3 e por onde vc anda? Dê notícias 🙂

  2. Hildamara Responder

    Que lindo! Parabéns aos dois????????

    1. Pri Portugal Responder

      <3 muito obrigada, Hildamara. Bjinho, Pri

  3. […] dos meus programas favoritos é viajar com meu marido e sair para conhecer um restaurante novo, que ... cademeunenem.com.br/restaurante-barton-g-em-miami
  4. […] você estava certo, como (quase) sempre. Depois de sete anos, como você contou nesse depoimento aqu... cademeunenem.com.br/carta-aberta-ao-pai-do-meu-filhoa
  5. […] Para nós, funcionava lembrar de episódios da infância e da adolescência. As nossas foram leves e... cademeunenem.com.br/infertilidade-e-tesao

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