“Tudo está muito recente e ainda não consigo identificar em qual situação me enquadro nessa busca pela maternidade… Eu me casei aos 33 anos e sempre achei que ter filhos mais tarde não era tão complicado assim. Achava que havia certo exagero no que falavam, principalmente porque tenho uma alimentação saudável e os exames médicos em ordem. Pensei que seria uma questão de tempo.
Aos 36 anos, parei a pílula e, cerca de seis meses depois, engravidei naturalmente. E entendi por que dizem que grávidas têm um olhar diferente… não é o olhar, é amor! A gente transborda amor e ele só aumenta a cada semana. Lembro que senti como se descobrisse, enfim, o sentido da minha vida. Era como se tudo o que tinha vivido até então fosse para chegar àquele momento.
Meu mundo desmoronou pela primeira vez na 19ª semana de gestação, num exame de rotina onde minha médica não ouviu os batimentos cardíacos da minha Cecília. Era um aborto retido. Tive que voltar pra casa sabendo que meu bebê não tinha mais vida. No dia seguinte precisaria retornar ao hospital para fazer a indução do parto. Não desejo a nenhuma mulher do mundo tamanho sofrimento. Dor, contrações e fazer força para deixar sair um bebê que você quer que fique.
Depois, vieram o vazio, o luto, a não aceitação. Fiz um monte de exames para descobrir a razão da perda, sem diagnóstico. Disseram que acontecia muito na primeira gestação. E eu detestava ouvir isso! Afinal, conhecia tantas mães de primeira gestação com seus bebezinhos! Por que comigo era diferente? Tentei ser forte e me reergui.
Quatro meses depois, engravidei novamente, beirando os 37 anos. Minha médica elogiou minha fertilidade e disse que foi muito bom engravidar antes dos 38. Uma semana após o teste positivo tive um sangramento e passei meu aniversário de 37 anos com suspeita de aborto. Fiz o exame de sangue que constatou que eu não estava mais grávida. Fiquei atordoada… essa não era mais a primeira gestação. Era a segunda! Por que aconteceu de novo comigo? Eu tinha acreditado tanto… E veio mais uma bateria de exames. O resultado? Nenhuma causa materna, a não ser a idade. De novo esta sombra da idade. É muito injusto. Quando, enfim, podemos e queremos ser mães tomamos essa rasteira da vida. Mas a verdade é que meus óvulos tinham 37 anos e nada mudaria isso.
Mais uma vez juntei meus cacos e recomecei. E três meses depois engravidei pela terceira vez. A gravidez após um aborto é uma mistura de felicidade com um medo absurdo de que algo aconteça. Não conseguia mais ter aquela felicidade genuína da primeira gestação. Foi tudo muito tenso. Com ultrassons semana sim, semana não, devido ao meu histórico.
Na 10ª semana, descobrimos uma transluscência nucal aumentada. Meu marido e eu ficamos preocupadíssimos e fizemos um exame para identificar uma possível trissomia ou síndrome, mas deu negativo. Como sofremos até este resultado chegar, decidimos parar de nos preocupar e tentar aproveitar a gravidez. Era um menino. Queríamos o nome de Pedro, mas ainda estávamos indecisos.
Na 19ª semana tive um sangramento. Fiquei muito abalada porque foi na mesma idade gestacional que perdi meu primeiro bebê. Mas foi só um susto e o médico não identificou nada que indicasse aborto. Na 20ª semana já estava mais feliz de ter superado o primeiro trimestre e confiante que tudo correria bem até que minha médica identificou no ultrassom uma hidropsia fetal, que é um líquido entre os pulmões do bebê. Lembro-me que ela mudou de semblante e me encaminhou para um especialista em gestações de risco.
Foi aí que começou uma corrida contra o tempo. Fiz todos os exames que podiam identificar essa hidropsia: ecocardio fetal, infecções, fator RH, anemia… todos deram negativo. Os médicos não sabiam o que o meu bebê tinha. Restava a cordocentese, que por ser tratar de um exame invasivo poderia trazer risco ao bebê. Na 22ª semana, me internei para fazer este exame, com medo, mas também muita fé. A médica resolveu fazer um último ultrassom diante de cinco residentes e numa sala escura e fechada. Eles disseram para mim e meu marido que os batimentos cardíacos do meu bebê estavam caindo. Eu vi pelos olhos daquelas pessoas que ele estava morrendo naquele minuto. E não pude fazer nada. Nem vi a última imagem do meu bebê. Seu coraçãozinho parou naquele momento, antes mesmo daquele exame invasivo.
E assim passei de novo por todo aquele pesadelo de parto induzido. Pela segunda vez. É desumano. Nunca consegui ver meus bebês e até hoje, aos 39 anos, não sei o que aconteceu. Suspeitam de falha genética, mas ainda estamos aguardando o resultado de um exame de cariótipo mais completo.
Agora, quero muito que tudo se cicatrize e eu consiga sentir aquele amor puro e completo de novo. Minha última perda foi em 27 de fevereiro desse ano e é tudo muito recente. Mas queria ressaltar que nas duas perdas tive um tratamento extremamente humanizado. Desde a moça que levava a refeição no hospital até os médicos. Todos se sensibilizaram com a nossa dor e fizeram de tudo para minimizar nosso sofrimento. Este tratamento humanizado fez toda a diferença num momento tão delicado como este. Hoje, faço acompanhamento psicológico e ainda aguardo respostas. Todos os dias penso que o importante é viver um dia de cada vez”.
Gilmara Eustáquio, 39 anos
Ilustração: Anna Cunha (gentilmente cedida à Gilmara para ilustrar esse depoimento)
Taís 25 de setembro de 2018
Boa noite Gilmara!
Me emocionei com seu depoimento, a mais de um ano meu marido e eu tentamos um bebê e nenhuma explicação. Nada que possa afirmar o motivo dele ainda não ter vindo.
Compartilho do seu sentimento sobre a idade. Tenho 38 anos e comecei minhas tentativas aos 37. No início do ano tive um mega atraso. Pensamos: Dessa vez deu certo. Não! Era um cisto no ovário.
Meu mundo desabou, naquele momento eu só conseguia pensar que o tratamento do cisto retardaria ainda mais nosso sonho. O médico que me acompanhava naquela época foi bem mais ou menos. Não nos instruiu, não nos explicou, só receitou medicamento e só.
Depois de um tempo nos livramos desse problema. E eu mudei de médico, agora é uma médica de outra cidade, bem mais comprometida, atenciosa e etc.
Mês passado veio o pesadelo novamente. A menstruação atrasou e fizemos exames.e novamente negativo e a menstruação atrasada. Pensei: Meu Deus, dinovo o pesadelo do cisto.
Eu tinha os mesmos sintomas.
Novamente o sofrimento, o medo, o desespero…
Graças a Deus não era. Foi só um atraso.
Mas para quem já passou por uma situação delicada é como reviver o pesadelo.
Estamos fazendo tratamento de indução de ovulação. E para piorar… depois que eu realizei uma cirurgia de retirada da vesícula, fui demitida ao retornar para o trabalho.
Mesmo sem a estabilidade, resolvemos prosseguir com tratamento. Estou confiante, vamos conseguir. Mas bate sempre aquele medo, a insegurança e a ansiedade.
Tenho pavor de ouvir duas frases:
No tempo de Deus ele virá.
Ou
Calma, é sua ansiedade que está atrapalhando.
Gente isso é um tapa na cara de quem é tentante.
As pessoas deveriam pensar antes de falar.
Igual quando os médicos falam que o aborto na primeira gravidez é normal.
Decidi que agora, se alguém falar vai tomar uma resposta atravessada.
Sinto muito por suas perdas e desejo de todo meu coração que 2019 seja nosso ano.
Abraços Taís
Gilmara 26 de setembro de 2018
Muito obrigada pelas palavras Taís! É absolutamente verdade: como não ficar ansiosa com uma situação dessas? Essas frases “clichês” só nos atrapalham e nos deixam mais nervosas. Meu psicólogo aconselhou que devemos “trabalhar a nosso favor e não contra nós mesmas”, se alguém nos ofende ou nos machuca devemos falar em alto e bom som que aquilo nos incomoda. Tenho procurado fazer isso. Não tem ideia de como suas palavras me dão forças… Fiquei um bom tempo acreditando que minha dor era solitária e isso piora ainda mais o sofrimento. Poder compartilhar e conversar sobre nossos sentimentos com mulheres que estão passando por isso, aumenta minha esperança de acreditar que tudo dará certo! Abraços pra você! Eu lhe desejo o mesmo: que em 2019 você e seu marido tenham o presente que tanto esperam…
Pri Portugal 28 de setembro de 2018
<3.
Gilmara 27 de setembro de 2018
Muito obrigada pelas palavras Taís. Compartilhar minha história tem me dado forças e esperança para continuar.
Mayara Santos 26 de setembro de 2018
Sinto muito pelas suas perdas! 🙁 Você já investigou trombofilia? SAAF? Pergunto pois tive na minha gestacão, demorei a engravidar (tbm sem causa aparente por 9 anos), Quando finalmente engravidei descobri a SAAF. Nunca tive abortos, mas este e o principal sintoma da trombofilia e faço parte de um grupo de apoio onde há varios casos como o seu. Se nunca investigou, sugiro que veja. O diagnostico e dificil mesmo, nem todos os laboratórios estão preparados. O laboratório referência em SP e o RDO. Boa sorte e que Deus te abençoe!
Pri Portugal 28 de setembro de 2018
Oi, Mayara, avisei a Gilmara da sua mensagem. Obrigada pelo apoio e acolhimento, sempre bom ouvirmos histórias parecidas para não nos sentirmos sós e até buscar o diagnóstico onde não imaginávamos. Bjinho, Pri
Gilmara 1 de outubro de 2018
Boa tarde Mayara! Muito obrigada pelas palavras. Em relação à SAAF, sim eu fiz a investigação sobre trombofilia e deu negativo. Mesmo assim como método de tratamento preventivo usei AAS na segunda e terceira gestações. Obrigada mais uma vez!
Márcia Fernandes 28 de setembro de 2018
Oi, Gilmara…Receba meu abraço !!!!
Minha vontade era poder abraçar cada mãe que passa pela dor do aborto, cada vez que leio um depoimento doloroso, pois já passei também por 3 abortos antes das 10 semanas de gestação e nenhum filho vivo, ainda. Ainda , sabe por quê? apesar do luto que carrego, não perdi a esperança de ter meu bebê nos braços um dia. Os médicos são crueis com as mães que não conseguem levar sua gravidez adiante, crueis no sentido de considerar 1e 2 aborto normais, “está dentro das estatísticas” pois só querem investigar após o 3º aborto. Foi meu caso, na segunda gravidez investiguei por conta propria a trombofilia, entre tantos exames especificos,ficou confirmado no exame anti beta 2 glicoproteina. na terceira gravidez, com 8 dias apos o positivo ja estava usando o clexan de 40 mg, mas ao completar 2 meses de gravida, veio o aborto espontaneo, e novamente a dor e o luto na minha vida. Estou agora com uma ginecologista especialista em reprodução humana, meu caso não vai ser só a trombofilia. Estou na fase de investigação novamente, a medica me pediu: a histeroscopia com biopsia, o cariotipo do casal, espermogra com capacitação, exames de hormonio, CA 125, e exames de imagem da mama e a trans. Tô na luta, vou investigar até saber a causa dos meus abortos, pq as vezes bate aquele sentimento que fiz algo errado e me sinto culpada sem saber o motivo, (meio louco os pensamentos da gente,né?)e assim que me liberarem vou tentar novamente pois não tenho dificuldade de engravidar, apesar de ja ter 41 anos, e minha primeira gravidez foi aos 39. Tenho que descobrir por que meu bebe não consegue se desenvolver….pra poder também ajudar mais mulheres, divulgando, assim como aconteceu com a Priscila, né por indicação de uma de suas leitoras, ela consegui encontrar um medico que olhasse o problema dela com outro olhar clinico que os demais medicos não tiveram a percepção de ver. Deixo aqui minha solidariedade a todas as mulheres que são mães de anjo ou que ainda não conseguiram seu “positivo” , e digo: não podemos nos sentir solitárias, são milhares de mulheres que vivem esse luto. Paz e Luz à todas!!!!
Pri Portugal 2 de outubro de 2018
<3 lindo seu depoimento, Marcia, e é isso mesmo! Acredito mesmo que juntas podemos mais e que ter um diagnóstico é fundamental para sabermos contra o que lutar. Força e amor pra vc. Bjinho, Pri
Gilmara 11 de outubro de 2018
Olá Márcia Fernandes! Fiquei uns dias afastada e não consegui ler seu depoimento antes. Muito obrigada pelas palavras! Realmente a esperança de ser mãe nos impulsiona a continuar. Sobre as investigações, fiz sobre trombofilia, infecções, o meu marido e eu fizemos o caríótipo CGH Array, infelizmente não foi possível fazer o cariótipo com o sangue do bebê. Agora no final de setembro todos os resultados ficaram prontos e a conclusão do médico é que não temos diagnóstico para o que aconteceu. Ele acredita que sofri 3 abortos sem relação um com o outro. Minha primeira perda pode estar relacionada a alguma trombofilia que não foi identificada, a segunda perda foi um aborto espontâneo e a terceira perda meu bebê não sobreviveu a uma hidropsia que ele acredita ter sido um erro genético do próprio bebê. Enfim… sempre estive em busca de respostas para o que aconteceu. Tinha a sensação de que a partir das respostas conseguiria traçar um novo caminho pra seguir. Mas me deparei com a ausência de respostas. Estou aprendendo a lidar e aceitar isso e continuar em frente. Abraços pra você!
Michele 30 de setembro de 2018
Gilmara,
Sinto muito pela sua perda! Eu acabei de passar por uma curetagem, faz uns 20 dias, aborto retido na 14ª semana. Os médicos desconfiam que meu bebê tinha a Síndrome de Edwards (trissonomia do 18). Me identifiquei muito com várias frases que você destacou, de não desejar essa dor para mais ninguém… agora realmente estou juntando meus cacos.. e vivendo um dia de cada vez. Desejo do fundo do meu coração que Deus te dê a forças, que você encontre o diagnóstico e algumas das respostas (por que infelizmente nunca temos todas). Há dias que são mais fáceis outros que são impossíveis de sair da cama e fazer as atividades mais simples. Não há palavras que conforte. Deus te abençoe! <3
Pri Portugal 2 de outubro de 2018
oi, Michele, eu sinto muito pela sua dor 🙁 A Gilmara está acompanhando os comentários de vcs aqui e se sentindo reconfortada com tanto carinho. Desejo que você se sinta assim também. Vcs estão investigando cariótipo ou pretendem fazer análise embrionária em uma FIV futura? Podem ser caminhos para vocês, quem sabe? Espero que você se sinta abraçada e fortalecida aqui no Cadê. Bjinho, Pri Portugal
Michele 8 de outubro de 2018
oi Pri! Muito obrigada por tudo! <3 Seu blog me ajudou muito desde que o descobri e continua ajudando…
Sim, estamos fazendo a investigação, no momento estamos esperando os resultados dos nossos cariótipos e os do bebê ficarem prontos para passarmos numa geneticista. Tenho fé em Deus que vai ficar tudo bem! Apesar de que nunca esquecerei tudo que passei! Um beijão <3
Pri Portugal 9 de outubro de 2018
Tenho certeza de que vai ficar bem: vc está correndo atrás do seu diagnóstico e, assim que descobrir o que tem, vai poder se curar. Estou na torcida! Bjinho
Gilmara 11 de outubro de 2018
Muito obrigada Michele ! Sinta-se abraçada por mim! entendo e conheço sua dor! Sei que você vai se reerguer! Sem pressa… no seu tempo. Cada uma de nós tem o próprio tempo para lidar com tudo isso. Cuide de você. Não temos culpa de nada disso. Vamos devagar mas sempre em frente com muita esperança. Alguém me disse uma vez que não me foi tirado o direito de ser mãe! E acredito nisso de verdade! Serei mãe um dia e em breve! Abraços querida
Priscilla 2 de outubro de 2018
Passei por duas perdas esse ano e me identifiquei com o que você escreveu. Comecei a tentar no final do ano passado. Engravidei rápido, mas na 9 semana descobri aborto retido (tinha ouvido o coração com 7 semanas). Depois de 3 meses engravidei de novo. Tinha certeza que dessa vez daria tudo certo. Afinal, todo mundo diz que é comum perder na primeira. Só que dessa vez evoluiu menos ainda. Na véspera do primeiro ultrassom, tive sangramento e descobri que parou de desenvolver com cinco semanas e era pra eu estar na oitava. Outro choque. Muita revolta. Tenho 38 anos e também pensava que a hora que eu quisesse, eu teria. Sempre dei prioridade para juntar dinheiro, ter uma casa, estabilidade, viajar e quando estivesse com isso tudo realizado, tentaria. Confesso que cheguei a não querer por um bom tempo. Mas agora, depois dessas duas perdas, eu não consigo desligar disso. Parece que a vida só gira em torno disso. Parece que dá certo pra todo mundo menos pra gente. Fiz milhares de exames e descobri trombofilia, um anticorpo da tireóide, crossmatch negativo e a vitamina d estava baixa. Mas também penso muito que isso tudo aconteceu pela idade. Quero engravidar de novo, mas morro de medo de sofrer tudo de novo. A gente se sente num beco sem saída. Sei que precisamos ter fé e, as vezes, é muito difícil. Mas é bom saber que não estamos sozinhas e que muitas mulheres compartilham as mesmas emoções.
Pri Portugal 2 de outubro de 2018
Com certeza não estamos sozinhas, Priscilla. E vamos nos apoiar umas nas outras. Ler seu depoimento me fez viajar no tempo e lembrar que meu diagnóstico, depois de 7 anos tentando, foi BEM parecido com o seu (tireoidite de Hashimoto, trombofolia, crossmatch negativo…). Vc já esta tratando td isso? Para vc saber: eu estou grávida, prestes a completar 38 anos 🙂 Espero que minha história também te dê forças para continuar, pois sinto que vc está indo pelo caminho certo. Sinta-se abraçada! Bjinho, Pri Portugal
Gilmara 11 de outubro de 2018
Oi Priscila! obrigada pelas palavras! É isso mesmo… realmente dá muito medo em pensar voltar a passar por tudo que sofremos novamente. E ao mesmo tempo precisamos e queremos ter esperança. Realmente a sensação que tenho é que travamos uma luta diária de sentimentos. Mas essa força de nós mães que já passamos por isso tudo está lá bem quietinha dentro de nós e vem à tona assim que precisarmos dela. Quem passou pela dor das perdas não será a mesma mulher de antes, somos outras com nossas histórias e nossa dor. Um dia de cada vez, e vamos encontrando nosso caminho e resgatando nossa esperança. Um grande abraço pra você! Estamos juntas!
Lannine Silva Brito 9 de outubro de 2018
Sou Lannine, sou a casada e tenho o sonho de ser mãe. Faz um ano quase dois que nós estamos nessa tentativa, já tive dois abortos espontâneos. Para mim é um assunto muito delicado porque eu sofro muito, principalmente quando as mulheres da minha família engravidam, eu não queria sofrer por isso. Na verdade eu nem sei o que sinto quando isso acontece, só sei que me dar um desconforto, uma sensação de impotência, mulher pela metade. Eu amo criança, eu amo sentir cheirinho de bebê, eu amo ver as coisinhas, o berço etc… Eu já fiz de tudo e até agora nada.
Pri Portugal 9 de outubro de 2018
Lannine, querida, te respondi por e-mail. Bjinho
Gilmara 11 de outubro de 2018
Querida Lannine! obrigada por responder. Sei exatamente como é isso que está passando. Senti o mesmo. Também amo crianças e cheguei a pensar que nunca mais conseguiria pegar uma criancinha no colo. Cheguei a ter uma crise de choro em um restaurante quando vi uma grávida. E era um sentimento esquisito, como se aumentasse minha dor ou me diminuísse, uma sensação de fracasso. O que posso lhe dizer com todo o meu coração, é que não podemos brigar com esse sentimento. Eu me afastava, mesmo gostando de crianças, porque naquele momento eu não estava pronta. E essa sensação passa. Demora, mas passa. Aos pouquinhos, ao nosso tempo. Comigo foi assim. E quando percebo que alguma situação vai me incomodar eu evito e me afasto. Conversar sobre o que sinto tem me feito muito bem e me ajuda a entender o que se passa dentro de mim. Estou no processo de reconstrução para seguir em frente. Abraços pra você! Muita força! Estou torcendo para que dê tudo certo!
Joana 10 de outubro de 2018
Gilmara,
Entendo completamente a sua dor. Imagino que difícil chegar na metade de uma gravidez e passar por isso. Já passei por algumas coisas que contei aqui: http://www.cademeunenem.com.br/nasci-com-displasia-campomelica/
Eu apostaria bastante na análise de embriões. Quem sabe conversar com um médico de fertilidade possa dar alguma luz.
Força, estou na torcida. Beijos, Joana
Gilmara 11 de outubro de 2018
Obrigada pela força Joana! Eu li seu depoimento e me identifiquei muito com os sentimentos que você descreveu. Terminamos as investigações sobre as perdas e não temos uma justificativa para o que houve ou a relação entre as perdas. Até o momento estamos tendo que lidar que a falta de resposta. Mas vamos seguir em frente! Bejios pra vc! Desejo com todo meu coração que tudo dê certo para você também!
marcia fernandes 21 de dezembro de 2018
Gilmara, depois de todo processo de investigação, a pedido da especialista em reprodução humana, voltei a outro hematologista que descartou a possibilidade de trombofilia, pois ele me justificou o seguinte: nos meus exames não deu positivo para trombofilia, apenas se aproximou dos valores limites, minhas perdas foram antes das 10 semanas, periodo em q a placenta ainda nao ta formada , portanto nao tinha como a trombofilia se manifestar e terceiro, mesmo usando 20 injeçoes de clexane bem no inicio da gravidez, não evitou a perda. o hematologista falou q seria uma decisao minha e da ginecologista usar ou nao clexane numa proxima gravidez. Pois bem, voltei a ginecologista e levei o laudo do hemato, ela muito experiente na area a mais de 30 anos como especialista em reprodução humana me indicou que na prox gravidez devo usar, ja que mal nao faz. E agora estou aqui junto a voce, sem diagnostico, pois ela me falou que a medicina nao tem resposta pra tudo, e que pelos exames não foi identificado a doença causadora dos meus abortos. Me liberou pra tentar novamente, mas me deu esperança, falando de inumeros casos de paciente que passaram por muitos abortos e conseguiram seu final feliz. me contou um caso de uma mulher (posso chamar de mulher de fé) que conseguiu sua Ana Vitoria depois de pasar por 8 abortos. è isso que quero, ser uma mulher de fé e nunca desistir, mesmo se tivesse 0,01 % de chance de ser mãe, continuaria tentando. sei que ainda vou voltar aqui pra contar meu final feliz e motivar muitas mulheres que nesse momento estão sem esperanças. Forte abraço!!!!
Gilmara 5 de fevereiro de 2019
Márcia Fernandes, como é bom dividir a minha história com mulheres que estão passando pelo mesmo que eu. Sinto-me abraçada, sabe?
Depois das minhas perdas, eu me preparei muito para qualquer diagnóstico, até mesmo se o médico me falasse que eu não poderia engravidar estava disposta a partir para adoção. Meu desejo de ser mãe é imenso e inesgotável! Mas, sinceramente, eu não estava preparada para a falta de respostas… no final de tantos exames e tanta espera chegar ao resultado de que não temos resposta para o que aconteceu, e que passei por dois abortos tardios sem relação um com o outro? Nossa… não sabia lidar com esse vazio. Eu me senti sem rumo, com medo, querendo desistir… Mas hoje quase um ano depois da minha última perda, resolvi ter esse tempo pra mim, parar de correr contra o relógio, não posso mudar a minha idade e meu corpo e isso não é uma corrida contra o tempo! Eu engravidei três vezes na sequencia e perdi todas as vezes… a rapidez não é sinônimo de sucesso. Não vou desistir de tentar. Mas precisava estar forte. Hoje me sinto forte. Forte como uma mãe deve ser pra fazer o que for preciso por seu filho. Desejo a você essa força de mãe que já temos!!!! e espero do fundo do meu coração que nosso próximo depoimento seja com a fotinha dos bebezinhos!!!! Abraços!
Pri Portugal 5 de fevereiro de 2019
<3 torço muito por vc, Gilmara!