“Aos 13 anos engravidei e tive um aborto retido. Anos depois, descobri trompas enoveladas e precisei de duas FIVs para ter meu final feliz”

Quando eu tinha 13 anos, conheci meu marido. Por mais incrível que pareça – e para enlouquecer minha mãe -, engravidei três meses depois. Porém, tive um aborto retido com 12 semanas. Mesmo que fôssemos muito jovens na época, o aborto nos abalou muito. Tivemos muitas brigas depois disso e acabamos nos separando. Inclusive, cada um foi morar em uma cidade.

Mas olhem como é a vida: oito anos depois nos reencontramos, assim, do nada, no terminal rodoviário da nossa cidade. Resultado: voltamos a namorar naquele mesmo dia. Não demorou para que voltasse também o desejo de termos um bebê. Foi quando a nossa luta começou.

Fizemos inúmeros exames até que descobrimos, em uma histerossalpingografia, que eu tinha as trompas enoveladas e um pouco maiores o que o normal. Na época, meu ginecologista me disse que eu tinha 8% de chances de engravidar naturalmente. Então, já nos indicou o coito programado, que fizemos por três meses, sem sucesso.

Depois, ele nos indicou a inseminação artificial, que eu consegui fazer pelo SUS. Foram duas tentativas e nada… Até que meu médico disse: ‘e se fizermos uma fertilização in vitro?’ Eu já havia lido sobre e, na minha pequenez, imaginei que jamais conseguiria: era muito caro!

Depois de pesquisar, descobrimos que eu poderia ser doadora de óvulos e o custo seria praticamente zero. Aquilo me encheu de esperanças. Depois de um ano na fila esperando por uma receptora compatível, a clínica nos telefonou, para nossa alegria. Era um novo ciclo que se iniciava, mas essa felicidade duraria pouco…

No meu terceiro ultrassom, descobrimos que eu não poderia ser doadora porque não tinha o número mínimo de óvulos para dividir com a receptora. Fiquei sem chão: no começo da estimulação eram 15 folículos! Como agora o número havia caído para cinco? Foi quando a médica nos disse: ‘vocês têm duas opções: ou continuam o tratamento e arcam com todas as despesas ou paramos por aqui’.

Minha cabeça girava. Acho que nunca vou esquecer aquele sentimento. Eu sabia que não tínhamos condições de pagar por aquilo, mas o meu marido disse na mesma hora: ‘A gente vai continuar’. Olhem que loucura! Mas ele tinha razão: milagrosamente conseguimos TODO o dinheiro. Até hoje eu não acredito.

Então, fizemos a FIV e conseguimos quatro embriões. Na primeira transferência, conseguimos nosso positivo, mas com seis semanas descobrimos que era uma gravidez ectópica. Foi horrível! Eu precisei fazer uma cirurgia de emergência para retirar o embrião e a trompa direita.

Vivemos nosso luto e no ciclo seguinte transferimos os outros dois embriões que restavam. Novamente um positivo, mas dessa vez com outro gosto: o medo imenso de uma nova gravidez ectópica. Mas dessa vez foi uma gestação tranquila e feliz. Meu pequeno André nasceu no último dia 18 de outubro, de uma cesariana supertranquila e humana. Tudo valeu a pena, desde aquele aborto retido…”

Glaziane - aborto retido e gravidez ectópica (2)

 

Glaziane Amorim, 31 anos, mãe do André, de um mês


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