“Minha história ainda vai ter um final feliz. Em outubro de 2014 eu me casei e parei o anticoncepcional porque queríamos ter o nosso bebê. Mas, como tenho SOP e endometriose, sabia que não seria fácil.
Ainda adolescente, quando tinha 14 anos, percebi que minha menstruação era muito irregular e o médico me pediu uns exames. Foi quando comprovei a Síndrome do Ovário Policístico (SOP). Também sempre tive muitas dores na região pélvica, principalmente do lado direito, mas nenhum exame acusava a endometriose. Apenas quando tinha 25 anos passei por uma videolaparoscopia e tive o diagnóstico.
Fiz então milhares de exames, como a histerossalpingografia, que detectou um pólipo bem na entrada do útero, e duas histeroscopias cirúrgicas. Uma foi para retirar esse pólipo. E a segunda veio no ano passado, porque meu ciclo estava muito irregular e meu fluxo tinha aumentado. Quando fomos ver, eu tinha outro pólipo.
Depois dessa segunda histeroscopia, eu tinha curado SOP e endometriose, e tudo indicava que eu poderia engravidar. Continuamos nas tentativas: eu tomava algumas medicações e aplicava outro medicamento via vaginal a partir do 16º dia do ciclo. Minha menstruação nunca esteve tão regulada. Além disso, umas amigas do Instagram comentaram sobre usar um xampu infantil no banho íntimo, para equilibrar o PH da vagina, e eu resolvi tentar naquele mês. Era junho desse ano e eu estava na luta havia três anos. Nada menos que nove meninas do meu trabalho já tinham engravidado nesse meio tempo.
Esse mesmo mês foi uma época tumultuada da minha vida: a avó do meu marido faleceu e a gente ficou meio desligado do resto. Então, nem cheguei a fazer o teste de ovulação. Eu estava com dois dias de atraso, mas nem tinha notado. Só que eu recebi uma mensagem de uma conhecida, dizendo que sonhou comigo grávida e que os sonhos dela costumam ser tipo visões. Aí, fui fazer o teste de farmácia e adivinha? Era meu tão sonhado positivo!
Fui correndo para o hospital e a ginecologista fez um ultrassom. Ela viu que tinha mesmo um folículo e ficamos muito felizes. Fiz, então, o Beta e estava tudo certo. Foram três semanas tranquilas, só tive um enjoo leve. Mas logo depois comecei a ter um sangramento. Fui ao Pronto-Socorro e consegui ouvir o coração do meu tão sonhado bebê. O médico me pediu repouso, mas o sangramento não parava.
Em uma certa madrugada, enquanto fui fazer xixi, a placenta caiu no vaso. Recolhi e não vi o bebê. Mesmo estando de poucas semanas, sentei no vaso e esperei. E então ele caiu na minha mão. Eu vi meu amor na minha mão, tão pequeno, tão frágil, e sem poder fazer nada. Perdi meu bebê quando completaria dois meses de gestação. Agora, a ginecologista já me liberou para tentar engravidar de novo. Se Deus quiser, logo vem nossa boa notícia.
Hoje, vejo que receber aquele positivo mudou minha cabeça: eu não acreditava que seria possível engravidar, com SOP e endometriose. Tinha sido tão difícil chegar ali! É claro que perder meu bebê e pegá-lo na mão foi bem sofrido, mas eu sei que tudo tem um propósito nessa vida. Acho que eu precisei ver para acreditar que eu podia, sim, que ele estava dentro de mim, sim. Agora eu consigo acreditar que eu posso engravidar”.
Mayara Faria Ivo, 30 anos