Vem coisa boa aí. A revista científica Nature trouxe no fim do mês passado um estudo que pode ser revolucionário nos tratamentos de infertilidade. O artigo de Sara Reardon (leia na íntegra aqui) fala sobre cientistas da Northwestern University de Chicago, que construíram em laboratório um modelo do sistema reprodutor feminino em forma de chip (sim, chip! Igual ao do celular, olha ele aqui embaixo). Eles revestiram diversos compartimentos desse chip com tecidos de mulheres reais que precisaram por alguma razão ser submetidas a uma histerectomia, ou seja, a cirurgia da retirada do útero.
Como o útero e as trompas de Falópio “de mentira” são revestidas com tecido “de verdade”, elas respondem de maneira semelhante ao que o corpo de uma mulher responderia. Por enquanto, o ovário é revestido com tecido de rato porque ninguém retira o ovário se ele estiver em perfeitas condições, né? Mas tudo bem. Mesmo assim, esses pesquisadores geniais conseguiram reproduzir neste chip todo o nosso ciclo fértil. Entenda:
A cada 28 dias, o miniovário é estimulado pelos cientistas com doses de hormônio folículo-estimulante (o FSH). Aí, ele produz estrogênio. Exatamente 14 dias depois, os pesquisadores injetam hormônio luteinizante (o LH), que estimula os ovários a liberarem o ovo e começarem a produzir progesterona. Exatamente como acontece na vida real!
Aí, o ovo “viaja” através de uma série de minúsculos canais com pelinhos (ou cílios, se você quiser falar direitinho) e os pelinhos se movimentam para deslocar o ovo. Esses canais com pelinhos são as trompas de Falópio. E elas levam o ovo pra onde? Sim, para o colo do útero. Bingo!
Mas e o que a gente ganha com isso?
Tempo! Sim, porque a resposta nestes dispositivos promete ser mais parecida com o corpo humano do que a feita com animais. Então os novos tratamentos de fertilidade podem ser testados com mais precisão (e rapidez) antes de ser aplicados em pessoas. “Não existe um bom modelo animal para o ciclo reprodutivo humano de 28 dias”, explica Teresa Woodruff, cientista da Northwestern University em Chicago e coautora do estudo. O sistema artificial veio então para preencher uma lacuna. Jon Hennebold, cientista da Oregon Health and Science University, também nos Estados Unidos, diz que a principal vantagem do novo sistema é permitir aos pesquisadores selecionar rapidamente vários medicamentos de uma só vez, testando-os quanto a seus efeitos no sistema reprodutivo.
*Fotos: Flickr/ Luis Villa del Campo e Reprodução/Instagram @ayoung219