Menos leite e glúten, mais frutas e verduras. Não estamos falando aqui de dieta para emagrecer, mas sim de hábitos e alimentos que ajudam a engravidar. Ao menos é o que defende a nutricionista Denise Madi Carreiro*. E é nisso também que o Cadê Meu Neném? acredita. Se é possível cuidar da saúde e apenas com alimentos e sem contraindicação, por que desprezar essa fonte poderosa (e barata) de cura que a gente encontra na feira?
Conversamos com a Denise, que é pós-graduada em Nutrição Clínica Funcional e autora de livros como “Alimentação, problema e solução para doenças crônicas” (ed. Metha, 2007, 192 pág.). Afinal, quem já teve diagnóstico de endometriose, endometrite e Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) sabe bem a importância de encontrar uma solução para doenças crônicas, não é mesmo? Confira nossa entrevista exclusiva:
Cadê Meu Neném?: Existem mesmo alimentos que ajudam a engravidar?
Denise Carreiro: Na verdade, o ideal é começar pelo caminho contrário, se perguntando: o que pode atrapalhar a fertilidade? Muitos alimentos provocam processos inflamatórios, trazem resistência à insulina e ainda por cima não têm nutrientes. Tudo isso atrapalha a mulher a engravidar.
CMN: Quais são os maiores vilões da dieta de uma quase-mãe?
Denise: O excesso de consumo de carboidratos simples (pense pães, massas e doces) desequilibra a insulina e nosso intestino e, por consequência, o sistema imunológico. E isso atrapalha muito. Um intestino saudável determina 70% do nosso sistema de defesa. Atualmente, vários estudos relacionam glúten com infertilidade.
CMN: Como funciona essa relação entre glúten e fertilidade?
Denise: Ele é muito relacionado ao surgimento de doenças autoimunes, assim como os aditivos químicos – encontrados em alimentos industrializados e refeições congeladas -, que ajudam a desenvolver doenças inflamatórias e alérgicas, contribuindo com a dificuldade de engravidar.
CMN: Existem outras deficiências que podem prejudicar o processo?
Denise: Sim. Hoje é difícil quem tem vitamina D adequada e esse também é fator de risco para a infertilidade.
CMN: Mudar a alimentação pode trazer quais benefícios para quem tenta engravidar?
Denise: É fácil você pensar. O ser humano não retrocedeu. A capacidade de ter filho não pode ter retrocedido. A única coisa que caminhou para trás foi nosso hábito alimentar. Engravidar acaba sendo determinado pelo nosso comportamento nutricional. Cada uma das nossas células é formada por pelo menos 44 nutrientes conhecidos. E cada um deles tem sua própria função. Não somos feitos de luz, somos feitos de nutrientes. Todos os processos do nosso corpo são executados por eles. Então, quando você se entope de alimentos com agrotóxicos ou superprocessados, com baixa qualidade nutricional, e não consome verduras e legumes, como seu organismo terá matéria-prima para funcionar? Em compensação, alimentos que ajudam a engravidar fazem toda diferença.
CMN: A insulina é um hormônio secretado pelo pâncreas para metabolizar os carboidratos no sangue. Se a gente consome muito carboidrato, ela fica desregulada?
Denise: Com certeza. É preciso melhorar a resistência do nosso organismo à insulina. Seu desequilíbrio resulta em sintomas como oleosidade na pele, miomas, aumento de TPM, aumento de gordura no quadril, colesterol alto… e pode até confundir os médicos com um aparente diagnóstico de menopausa precoce.
CMN: Emagrecer ajuda a engravidar?
Denise: Não necessariamente. Você pode emagrecer porque fez a dieta da lua, do Polenguinho… Só que se você empobrece a dieta, não adianta nada. O organismo retém gordura quando está tudo desequilibrado: é a garantia de sobrevivência dele. Só funciona se seu peso diminui como consequência de uma melhora geral de todas as funções do organismo.
CMN: A senhora já atendeu alguma paciente que engravidou depois do seu tratamento?
Denise: Tive pacientes que tinham tentado FIV sem sucesso, mas depois de equilibrar a alimentação engravidaram naturalmente. Também houve casos de quem engravidou com FIV e alimentação, sem ter conseguido em FIVs anteriores. Já regularizei anemia, vitamina D e insulina de uma paciente que tentava há 3 anos e ela engravidou, amamentou até os dois anos e está grávida de novo.
*Se quiser saber mais sobre alimentos que ajudam a engravidar ou então marcar uma consulta com a nutricionista clínica Denise Carreiro, escreva para contato@denisecarreiro.com.br . A primeira consulta dela, que atende em São Paulo, dura duas horas e custa R$460. As seguintes, R$260.
Fotos: Acervo pessoal
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