Mãe depois dos 35: os benefícios da maternidade tardia

Vários fatores apavoram quem opta pela maternidade tardia. A primeira é o tal do baixo estoque ovariano (entenda aqui). A segunda é a possível menopausa precoce e o organismo que parece uma bomba-relógio prestes a produzir “óvulos ruins”. A terceira é não ter “energia” para acompanhar o ritmo de uma criança. A quarta é a maior probabilidade de ter um bebê com Síndrome de Down. Agora quero abrir parênteses aqui.

Segundo esse estudo da Harvard, o que acontece é o seguinte: “Por volta dos 25 anos de idade, uma grávida tem uma probabilidade de um em 1.250 de ter um bebé com uma síndrome de Down; aos 30 anos de idade, esta probabilidade é de um em 952, aos 35 anos é de um em 385”. Assusta, claro, principalmente porque a comparação é entre uma mulher de 25 anos e uma de 35.

Mas se a gente fizer outro tipo de comparação vai entender que ainda assim é raro. As chances de um casal comum ter um filho “superdotado”, ou seja, de QI acima da média, é de 1 a cada 250, por exemplo. Mais “fácil” que ter um filho com Síndrome de Down. Agora, olhe em volta de você. Quantos casais você conhece que tiveram filhos com Down? E que tiveram superdotados? Eu, pessoalmente, nenhum. E olho que conheço bastante gente que tem filho. Aliás, de todos os depoimentos lindos que publico aqui no site – a maioria de maternidade tardia – ainda não soube de ninguém que tenha tido um bebê com alterações cromossômicas. O que eu quero com isso? Negar os estudos de medicina? NÃO! Eu quero RELATIVIZAR e diminuir o pânico que insiste em rodear todos os assuntos referentes a infertilidade e/ou maternidade tardia. É impressionante.

Boas notícias para quem opta pela maternidade tardia

Aí que esses dias, li esse artigo do El País (veja aqui na íntegra) e pela primeira vez parei para pensar em como a maternidade tardia tem, sim, suas vantagens. Contrariando o senso comum de que mães com mais de 35 cansam mais facilmente e não aguentam o pique de um bebê, o jornal publicou um estudo bem interessante, publicado em fevereiro no International Journal of Epidemiology, que analisava a idade materna e a capacidade cognitiva de crianças de 10 anos. “Os pesquisadores compararam três grandes estudos longitudinais realizados no Reino Unido durante os anos 1958, 1970 e de 2000 a 2002, com amostras de 10.000 crianças cada um. Os resultados foram surpreendentes. No estudo dos anos 1950, os filhos de mães de entre 35 e 39 anos tinham pontuações cognitivas piores que os filhos de mães jovens. Mas no de 2000, a relação se inverteu: as crianças nascidas de mães com idades entre 35 e 39 anos alcançavam resultados significativamente melhores nos testes cognitivos que os das mais jovens”.

Por que será? Nos anos 50, mães que tinham filhos depois dos 35 já estavam no quarto ou quinto rebento, com menos tempo e atenção para eles. Nos 2000, a maternidade tardia era uma opção para mulheres que priorizavam estudos e carreira. Por ter um nível socioeconômico e cultural mais elevado, tinham uma gestação mais cuidadosa e dispensavam mais atenção e estímulos nos primeiros anos da criança. Ou seja: “as diferenças cognitivas nos pequenos não são determinadas por fatores genéticos ou biológicos associados à idade da mãe. Simplesmente tudo o que antes acontecia aos 25 anos agora passou para os 35”, conclui Armando Batisda, um dos pesquisadores.

E o artigo do El País traz ainda outras 3 pesquisas animadoras. A primeira é um estudo da Universidade do Sul da Califórnia que entrevistou 830 mulheres e descobriu que dar à luz depois dos 35 melhora as habilidades mentais da mãe devido ao incremento de hormônios produzidos durante a gravidez, que atuam de forma positiva na química do cérebro e têm maior efeito quanto mais velha for a mãe. A segunda descoberta vem da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, que mostra que as mães mais velhas educam impondo menos castigos e com menos violência verbal que as mais jovens. Nesse sentido, conclui o jornal: “os pais mais velhos podem ser menos resistentes que os mais jovens, mas têm mais experiência e conhecimento, por isso a desvantagem biológica está em certo grau equilibrada pela vantagem social”.

Finalmente, notícias animadoras sobre a maternidade tardia. Afinal, os tempos são outros, né? Então, se você está aí, assustada porque suas amigas de 33 querem logo ter o segundo filho “porque depois dos 35 é perigoso”, pode tirar essa tonelada dos ombros e ir dormir mais sossegada.

 

 

*Foto: Flickr/ Elliott Brown


One thought on “Mãe depois dos 35: os benefícios da maternidade tardia

  1. […] semana passada, eu falei sobre os benefícios da maternidade tardia (quem não viu, clique aqui), ma... cademeunenem.com.br/preservacao-da-fertilidade-natural

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