Diário: 30 de agosto de 2016

Querido diário,

hoje eu estou com um grande aperto no coração: as duas notícias mais faladas do dia são sobre dois pais que mataram seus filhos. Eu não consigo imaginar que momento de tristeza profunda e desespero leva um pai a cometer um ato tão horrível. Tão horrível que ambos, na sequência, se mataram também.

Se para qualquer ser humano este tipo de notícia choca e machuca, preciso confessar que me dá enjoo. Fisicamente mesmo.

Minha vontade infantil (ou primitiva?) era dizer para estas pessoas: dá pra mim que eu cuido! É óbvio que o buraco é bem mais embaixo e que este tipo de atitude pode soar para você como egoísmo. Mas ele também é bem verdadeiro. Dá pra mim! Eu cuido, eu nino, eu embalo, eu sustento, eu coloco pra dormir…

Minha cabeça fica mesmo dividida entre a compaixão por estes pais e a sensação de que existe uma certa inversão de valores na sociedade e eles são apenas reflexo disso: o dinheiro é tão importante, mas tão importante, que quando ele acaba, mesmo que momentaneamente, a vida perde o valor.

Hoje acabei lendo um artigo que defendia que o ato deles pode ser também um reflexo do machismo nosso de cada dia, que dá ao homem a sensação de que a mulher e os filhos são sua posse, e por isso ele precisa mantê-los e tem poder de vida e morte sobre eles. Eu, confesso, fico tão perturbada com tanta tristeza que não consigo formar nenhuma opinião…

*Para ler a íntegra do Diário da Minha Não-Gravidez, clique aqui.

Se tem uma história parecida para me contar, me procure aqui.


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