A minha participação na Benção do Útero

Lembram que eu contei aqui sobre a Benção do Útero da Miranda Gray? E que contei que eu faria pela primeira vez presencialmente, com a Carla Brasil? Então, voltei aqui para falar sobre como foi a experiência.

Eu cheguei ao espaço – uma sala dentro de uma academia de dança, na zona oeste de São Paulo – munida dos acessórios que o evento pedia: duas cumbucas, que não podiam ser plástico (eu levei de vidro, mas vi gente que levou de porcelana e cerâmicas diversas), uma vela, uma garrafinha de água mineral, castanhas e frutas para partilharmos ao final da benção, um xale e uma flor. Na verdade, eu não tinha tido tempo de comprar a flor e generosamente uma das meninas me deu uma rosa que tinha trazido a mais <3

Aí você já começa a sentir a sororidade, aquela irmandade das mulheres, que insistem em dizer que não existe. Mas, gente, existe e é forte demais!

Em um canto da sala, monta-se um altar, em cima de uma canga mesmo: cada uma das meninas presentes (éramos cerca de 60!) leva para esse altar suas cumbucas e coloca dentro de uma delas uma vela, que representa nosso lado masculino, e a outra preenche com água mineral da garrafinha (nosso lado feminino). Colocamos ali também as flores e muitas meninas levaram símbolos que representam o útero para elas, como imagens e pequenas esculturas.

Depois, fomos nos sentar nos colchonetes no chão, ao redor da sala. Um mantra delicioso já convidava a relaxar e, aos poucos, as conversas paralelas (é sua primeira vez? Você trabalha com o quê? Como você soube daqui? Está por alguma razão especial?) vão se aquietando.

A Carla (Moon Mother Avançada, como eu comentei aqui), começa a conduzir uma meditação. A agitação do dia de trabalho e do trânsito paulistano vai dando lugar a uma respiração profunda. E a meditação conduzida é uma das melhores formas de realmente manter a mente focada no aqui e a gora.

 

A Benção do Útero

Quando estamos todas concentradas, vem a Benção do Útero em si. São cinco temas diferentes ao longo do ano. A benção de outubro se chama “Aceitando nossa sexualidade”. A meditação nos conduz a comparar o útero a uma flor. E segue seu roteiro. Repare que não é só para quem quer trabalhar sua sexualidade. Não é só para quem quer engravidar. Ou para quem não quer.

O útero é o centro criativo de toda mulher e os tempos modernos têm feito a gente se desconectar dele e da natureza. As meditações da Benção do Útero buscam essa reconexão sagrada, milenar e poderosa. Terminado esse momento, que durou cerca de uma hora e causou certa inquietação em quem não está acostumada a mandar a ansiedade pra lá e ficar relaxada, praticamente em uma mesma possível, chegou a hora da dança.

A Carla Brasil é professora de dança tribal e de dança Rito-Arte, então criou essa ritualística de meditação ativa, ou seja, em movimento. As músicas, ricas em percussão e bem contagiantes eram um convite a dançar. Todas fechamos os olhos e fomos nos soltando, sem julgamentos, enquanto a Carla orientava movimentos e pensamentos. Essa etapa durou mais ou menos uma hora e foi muito profunda. Movimentar a pelve, diz uma crença milenar, libera as energias e promoveautocura.

Ao final, todas tomamos a água da cumbuca e pegamos as flores para levar para casa. Enquanto partilhávamos os alimentos levados, a Carla deixou todas à vontade para contarem sobre o que a experiência havia significado para si. Eu, que sou meio tímida, fiquei quieta, mas me emocionei muito quando uma das leitoras do Cadê disse que havia chegado ali por meio do site. Nos abraçamos e intensificamos ainda mais aquela sensação de que as mulheres, juntas, são muito poderosas.

Fiquei muito grata pela ocasião. Espero ter desmistificado a Benção do Útero caso uma de vocês tenha ficado com vontade de ir, mas tenha se sentido insegura.

 

*Foto do altar montado em 05 de outubro de 2017: Julia Behring

 


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