Já imaginou o que é viver a vida como uma médica que traz crianças ao mundo, mas sofrer em silêncio sem ter a sua? Trabalhar com fertilização in vitro e, mesmo tendo congelado os próprios óvulos ainda jovem, não conseguir engravidar?
Essa foi a história vivida pela minha médica, minha querida obstetra, dra. Andrea Grieco que, por sorte, teve final feliz.
Fico imaginando o que passou na cabeça dela nesses dois anos de tentativas. Em uma consulta em que eu comentei da minha dúvida sobre tentar um segundo (sim, voltarei aqui para falar disso), ela comentou comigo que a maioria de suas amigas, que tinha engravidado naturalmente, estava mais que satisfeita com um filho. Já suas pacientes de FIV queriam muito um segundo. Juntas, nos perguntamos se havia o fato de ser um desafio, o fato de torcermos pelo milagre de uma gravidez natural ou simplesmente aquele sonho de infância.
Então, ela me disse que também sempre sonhou em ter dois, mas diante das dificuldades que estava encontrando, tudo o que queria era ter um saudável. Simples assim. Me deixou ainda mais pensativa, confesso. Não só na minha família, mas no quanto a gente sempre pensa que pode controlar as coisas e no quanto a vida insiste em mostrar que quase nada está nas nossas mãos.
É o imponderável. O imprevisível. Às vezes, o trágico. Outras vezes, o milagre. Ah, como custa a gente entender isso, né? Congelar os óvulos ainda jovem (aos 30), para não se preocupar com a baixa reserva, como fez a dra. Andrea, era algo que eu me punia muito por não ter feito. Ela fez. Mas não garantiu uma gestação.
Ela é uma das maiores especialistas em reprodução do Brasil, uma obstetra doce e firme, parceira e responsável… sabe tudo sobre grávidas e gestações, mas teve sua dificuldade pra engravidar também.
Aos 35 anos, em 2020, resolveu tentar, primeiro naturalmente. Como nada aconteceu, no início de 2021, depois das duas doses da vacina contra o covid, chegou à conclusão que era hora de agir. E veio a surpresa: “eu entrei para o outro lado do mundo da fertilização in vitro… aquele lado que os artigos científicos não contam, o lado que mesmo eu sabendo ‘de cor e salteado’ todas as porcentagens de sucesso… a esperança de ‘comigo vai ser diferente’ grita mais alto”, contou aqui.
Então, descongelou seus óvulos e teve apenas 3 embriões de d6 (ou seja, que se desenvolveram no sexto dia apenas). Insatisfeita, resolveu fazer mais um ciclo. E daqui por diante, quem conta é a paciente, não a médica:
“veio o choque de realidade: tive 7 óvulos e com a ajuda da @genicsreproducaohumana tive 5 blastocistos. Nunca vou esquecer o dia que a @jujusanches_ e o @rafaelportelaembrio me chamaram com carinhas de tristes?…e me contaram que dos 5 blastos apenas 1 era cromossomicamente normal? Tudo na vida tem o lado bom e o lado ruim. Eu me apeguei ao bom e falei para eles: ‘pelo menos tenho 1…bora lá!!!’ Resolvemos fazer uma análise do meu endométrio antes de transferir o embrião. Eu não podia ovular neste ciclo, mas um folículo escapou ? e eu ia ovular. Liguei para o Luba e falei para tentarmos uma inseminação artificial. Pelo fator da nossa infertilidade não tinha muita indicação, mas meu sexto sentido falou assim: ‘você não tem nada a perder’.
Continuei vivendo minha vida, pois a taxa de sucesso daquela inseminação era baixíssima, mas eu não podia deixar aquele óvulo abandonado. Fiquei aguardando minha menstruação para começar de novo o preparo do endométrio para a biópsia, mas… dois dias de atraso…um teste…duas linhas…??? Eu fiquei atônita… não estava acreditando…”, conta.
E assim, a paciente teve final feliz e a médica já começou a fazer seu próprio ultrassom e… enxergou um menino. Mas ela estava errada e seu sonho maior se concretizava, mas essa história vocês acompanham aqui, no feed dela. Não importa quantas vezes eu assista esse vídeo, sempre me emociono e fico pensando em quanto alívio está envolvido naquelas lágrimas!
Dra., obrigada por ter autorizado que eu compartilhasse seu depoimento e desejo que você tenha uma gestação tão linda quanto me possibilitou e um parto tão especial quanto o que eu tive <3.
Muitas felicidades pra vc e pra Gabi!
Camila Magalhães Dantas de Araujo 31 de agosto de 2021
Lindo e super verdadeiro seu relato! Tb passo com a Dea (sim, conheço ela desde o colégio) e a gente se pergunta o porque as coisas acontecem dessa forma… tudo tem seu propósito e ela não desistiu, se apegou a sua chance e agora vem a Gabi! Não canso de ver o vídeo e cada vez mais admiro não apenas a médica mas a mulher e mãe que ela se tornou!!!!
Pri Portugal 29 de setembro de 2021
Ela é demais <3