“No ano de 2011, conheci o Junior, e em uma dessas conversinhas gostosas de início de relacionamento, eu falei que só casaria com ele se ele aceitasse ser o pai do Matheus. Depois do primeiro beijo, ele me mandou um buquê de rosas e no cartão dizia: ‘do pai do Matheus para a mãe do Matheus’. Em 4 meses, estávamos noivos.
Meu sogro teve um problema muito grave de saúde e ficou por 30 dias na UTI, e o Junior sempre falava que tinha muito medo de o pai partir antes de ser avô. Então, como o sonho da minha vida sempre foi ser mãe, e já estávamos com o casamento marcado para dali a quatro meses, resolvi parar o anticoncepcional, que me acompanhava havia uns 14 anos. Tinha certeza que no mês seguinte estaria grávida, afinal, na adolescência conheci tantas mães que engravidaram sem querer…
Mal sabia o que me esperava. O tempo foi passando, chegamos da lua de mel e já marquei um médico. Na primeira consulta, ele me sugeriu o coito programado, algo um tanto quanto assustador, pois tinha que transar com hora marcada. Tomava a injeção e dali a 36 horas tinhas que ir treinar (risos). Confesso que era desagradável, principalmente quando essas horas davam no meio da tarde. Meu marido vinha pra casa, tirava o terno correndo… mas acreditávamos: agora ia dar certo. Passadas duas semanas, descia a menstruação. Então, partimos para a inseminação artificial. Fiz quatro, também frustradas. Mudei de médico e tentamos uma fertilização in vitro (FIV). Na minha cabeça, ainda não tinha batido o desespero, pois pensava que era só fazer a fertilização que ali estaria o meu Matheus. Podiam vir até trigêmeos, que eu jurava que iria dar conta.
Cheguei a tomar 32 injeções em uma semana, engordei muito, produzi 23 óvulos e não andava de dor. Fui fazer a aspiração dos óvulos e lembro como se fosse hoje o médico entrando na sala e me dizendo que não iria continuar o procedimento, pois meus óvulos não estavam maduros. Saí de lá acabada. Acho que perdi o chão naquele dia e o meu sonho de ser mãe parecia ter chegado ao fim. Só quem passa por isso sabe a tristeza que é o dia que a menstruação desce.
O médico já queria reiniciar os medicamentos para a próxima FIV, mas aí eu e meu marido decidimos dar um tempo, pois vínhamos de um desgaste emocional e financeiro muito grande. Foram quase R$100 mil gastos entre tratamentos e medicamentos. Até o sexo acabava virando obrigação. Eu precisava cuidar de mim, tinha engordado e estava com a autoestima lá embaixo. Lembro que saí do consultório chorando muito e as últimas palavras do médico foram: ‘Simone, você jamais vai engravidar de forma natural com o resultado do espermograma do seu marido’. O ideal seria ele ter 39 milhões de espermatozoides, mas ele tinha apenas 1,5 milhão e, destes, somente 10% vivos e móveis. O Junior tomou um medicamento chamado Androsten, que dizem que melhora a morfologia dos espermatozoides, mas os médicos sempre nos desanimavam, falavam que não existia medicamento para tratar este problema masculino.
Enfim, resolvi começar a frequentar academia e fazer dieta. Já que eu não podia ter a minha barriga de grávida, então queria abdômen de quadradinho! E foquei nesse objetivo. Perdi 23 quilos. Depois de 8 meses da última consulta médica, fomos a Belo Horizonte visitar um casal de amigos, que também tinha demorado para engravidar. Minha amiga me chamou e disse: ‘Si, não sei qual a sua religião, mas vou te contar a nossa história: depois de 7 FIVs, desistimos. Já estávamos na fila de adoção quando eu vi a reportagem de um médium, o João de Deus, um senhor de mais de 70 anos que atende em Abadiânia, Goiás. Fomos pra lá e dois meses depois eu estava grávida…’
Quem sabe lá estaria o meu milagre? Sou suspeita para falar, mas acho que todas as pessoas desse mundo tinham que ir pelo menos uma vez naquela casa. Senti uma paz, uma emoção e uma mistura de energias desde o primeiro momento em que entrei lá. Lembro que quando eu estava ali perguntando a Deus o porquê de todo aquele sofrimento, olhei uma mãe com um filho de uns 5 anos em uma cadeira de rodas, sem esboçar qualquer sofrimento. Ali foi a minha primeira lição: não podia reclamar.
Após algumas horas de espera, chegamos na frente do João e falei que eu queria ser mãe. Ele me disse que eu seria, mas que teria que retornar mais cinco vezes e voltar para a cirurgia espiritual no dia seguinte. Era uma sala com muitas pessoas sentadas, onde ele orientava que fechássemos os olhos e puséssemos as mãos onde gostaríamos de receber o tratamento, e apenas rezou. Não sei quanto tempo ficamos ali, só lembro de ser acordada, e não conseguir levantar de tanta dor na parte de baixo do meu abdômen. Com a boca seca como se estivesse voltando de uma anestesia, saí da sala com ajuda e fui ao hotel descansar.
Mas estava triste por ter que voltar cinco vezes, gastar com hotel, passagem aérea… Acabei voltando à vida normal: treinos, dieta restrita, corridas no parque… lembro de uma foto minha deitada no chão da academia depois de um treino de perna com um leg press de 300 quilos. Mal sabia que o nosso tão sonhado Matheus já estava ali.
No dia 23 de setembro de 2014, cheguei para trabalhar e minha mãe estava com um Graviteste em cima da mesa. Ela disse: ‘filha, fiquei te olhando no final de semana e te achei com uma carinha de mãe… faz o teste’. Eu tinha jurado que nunca mais iria fazer um teste de farmácia, porque nestes três anos de tentativas, eu devo ter tido uns 25 negativos. Mas ela insistiu e fui fazer…
Até hoje choro ao lembrar: apareceram os dois risquinhos cor-de-rosa! Eu não conseguia sair do banheiro, fiquei em estado de choque, tremia, não conseguia falar. Liguei para o meu gineco: ‘doutor Alvaro, o que pode alterar o Beta?’ A resposta foi: ‘somente um filho’. Fui fazer o exame de sangue e confirmei que estava grávida. Tinha engravidado de forma natural, exatamente 15 dias depois que fui ao João de Deus“.
Simone, 33 anos, mãe do Matheus, 1 ano e 9 meses