“Eu sempre quis ser mãe e quando conheci meu marido, soube que ele também sempre quis ter filhos, mas a gente foi esperando, como muitos casais, por circunstâncias da vida, situações de trabalho, questões financeiras… um dia decidimos que a tal estabilidade financeira nunca viria e que queríamos muito engravidar.
Então, ficamos dois anos tentando naturalmente e nada acontecia, e aquela expectativa e a frustração… e começamos a investigar. Eu moro no Rio e sou de Porto Alegre, então tinha um gineco aqui e outro lá, mas nenhum deles desconfiou da endometriose. Eles pediram milhares de exames pra mim e pro meu marido, mas diziam que não tinha uma explicação para não termos engravidado. Meu médico no Rio ainda disse: ‘olha, é assim, simplesmente tem mulheres que não engravidam’. Eu saí de lá aos prantos. Foi a pior situação da minha vida: ele me deu um ponto final.
Foi aí que a gente resolveu procurar a ajuda de um especialista em uma clínica de fertilização. A este ponto, já tinham se passado três anos. Fui à Fertilitat, em Porto Alegre, e me apaixonei pelo médico. Ele me sugeriu fazer uma videolaparoscopia para saber se eu tinha endometriose. Eu já tinha passado por todos exames que se fazem quando há desconfiança de endometriose, como a ressonância magnética, mas eles não tinham apontado nada. E ele disse que alguns casos só são vistos na laparoscopia. E foi a melhor coisa que eu fiz.
É só um furinho no umbigo, e a recuperação é rápida porque o corte é pequeninho. E você faz anestesiada. Lembro que, ainda sob o efeito da anestesia, eu perguntei para o médico: ‘eu tinha endometriose?’ e ele disse: ‘tinha!’. Eu fiquei feliz da vida porque é muito pesado não ter diagnóstico e não saber por que eu não engravidava. Tendo um diagnóstico, você tem contra o que lutar. Como no próprio exame já é feita a cauterização, teoricamente a ‘casinha estava pronta’ para receber o bebê. Só que se passaram mais seis meses e eu não engravidei.
Aí fizemos dois ciclos de coito programado e decidimos partir para a fertilização no 4º ano de espera pela cegonha. Graças a Deus deu certo na primeira tentativa. Fui fazer o exame de sangue Beta Hcg morrendo de medo, eu tremia inteira. Não tive nem coragem de tentar o teste de farmácia. Assim que tirei o sangue, fomos viajar para serra gaúcha, só nós dois, porque queríamos ou encher a cara de vinho (risos) ou comemorar juntos.
O resultado ia sair só no final da tarde. A gente estava na estrada e o médico me ligou para dizer que eu estava gravidíssima. Paramos no meio da estrada para chorar e comemorar. Hoje, o Noé está com dois meses e nasceu de parto normal. E agora estou vivendo essa nova relação de amor”.
Amora Xavier, 38 anos, criou o Instagram @cartinhasparaacegonha e escreveu o livro de mesmo nome, que você pode comprar neste link aqui.