“Sempre tive o sonho da maternidade. Quando era adolescente, desejava ter uma família com muito amor, coisa que eu não tive em minha infância e adolescência. Minha relação com meu pai era muito ruim e minha mãe estava muito cansada porque trabalhava muito. Casei com 27 anos e já quis engravidar. Ai, que ilusão! Depois de um ano tentando, começou minha saga com médicos. Como não tenho plano de saúde, precisei recorrer ao SUS. Lá, escutei que, se eu não tinha dinheiro para pagar um plano ou uma consulta médica, por que estava querendo um filho?
Procurei médicos particulares. Todos diziam que estava tudo normal e me passavam hormônios para indução de ovulação. Tomei várias vezes e tudo o que ganhei foi peso. Fui ficando deprimida e desesperada. Vivia só em função de engravidar. Fiz tudo o que me ensinavam: ficava com as pernas para cima depois da relação, colocava uma toalha quente sobre a barriga, media a temperatura para saber se estava ovulando, tinha relação sexual em posições diferentes, tomava vários tipos de chá… Chegou uma hora em que transávamos por obrigação.
Em 2009, meu tio adoeceu e me desliguei de mim até um ano após seu falecimento. Fiquei com crises de gastrite e levei um tempo até me recuperar. No começo de 2012, fui atrás de outro médico para descobrir o que estava errado porque não aceitava que fosse simplesmente ansiedade. A médica me passou mais exames, como a histerossalpingografia. Foi aí que ela descobriu que eu tinha uma trompa esticada e obstruída. A outra? Nem dava pra ver.
Quando ela olhou o exame, me disse de uma forma fria que com aquele resultado jamais realizaria o sonho da maternidade. Só se fizesse uma FIV. E eu nem fazia ideia do que era a fertilização in vitro. Perguntei se era caro e a médica me respondeu que era o valor de um carro. E ainda completou: ‘não tem pelo SUS’. Fiquei em choque! Não lembro nem como cheguei à casa da minha mãe. Eu estava sozinha. O desespero tomou conta de mim de uma forma que, naquele momento, desejei morrer.
Depois disso, fizemos loucuras. Achei uma clínica respeitável, na Barra, pois moro no Rio de Janeiro. Passei pela consulta e o desespero aumentou… por causa dos valores. Então, raspamos a poupança, pegamos empréstimos e pedimos ajuda aos parentes. O patrão do meu esposo nos emprestou dinheiro e ainda nos conseguiu R$3 mil com uns amigos que jogam futebol com ele. E o que faltou para pagar a medicação, compramos no cartão de crédito da minha mãe.
Lembro bem como foi o procedimento. A cada ultrassom, uma decepção: os folículos não estavam se desenvolvendo como o esperado. No fim, só conseguiu 5 óvulos e só dois viraram embriões, que foram transferidos pra mim. Antes mesmo de fazer o exame Beta, minha menstruação desceu. E pior: eu sabia que não teria outra chance, pois não tinha grana para uma nova tentativa.
Perdi o rumo. Falei pro meu esposo que ele estava liberado para procurar uma mulher que fosse capaz de lhe dar um filho. Uma mulher que fosse sem defeito. Me senti culpada, incapaz, um lixo de mulher. Fiquei sem ânimo para viver. Passei dois anos sem libido alguma.
Os tios do meu esposo, que moram em Guarulhos, sugeriram que eu passasse um tempo lá e marcamos uma consulta no posto de saúde da cidade. A médica me disse que a fila para fazer um tratamento de fertilidade pelo SUS era enorme e que não conseguiria fazer pela minha idade. Pedi o encaminhamento assim mesmo. Tinha que pelo menos tentar realizar o sonho da maternidade! Acabei entrando na fila em 2014.
Em setembro de 2015, fui fazer a primeira ultrassonografia para começar a estimulação e vimos que minhas trompas estavam inflamadas. No dia 11 de dezembro, tive que retirar as trompas e, com elas, cinco miomas enormes. Os médicos até se assustaram. Resolvi procurar a área de reprodução do hospital Pérola Byington e em janeiro de 2017 comecei a estimulação para a FIV, que não foi pra frente. Nesse período, uma prima muito próxima faleceu e soube pelo Facebook. Foi outro choque.
Voltei no ciclo seguinte e só produzi três folículos. Agendei a aspiração e quando estava no quarto me recuperando da anestesia, vieram me falar que os folículos estavam vazios. Quando voltei para conversar com o especialista, ele nem apareceu. Foi um residente que me deu alta e me disse que não respondi bem ao tratamento. Fiquei tão desnorteada que nem lembrei de pedir cópia do meu prontuário. Me senti tão sozinha, perdida e culpada. Meu esposo se revoltou porque nossa vida parou em todo esse processo.
Para mim, infelizmente, não há mais esperanças. Seja pela idade ou pela falta de recursos ou ainda porque eu não posso lutar sozinha. Meu esposo nem quer mais ouvir falar em gravidez. Mas peço a Deus para que, um dia, realizar o sonho da maternidade não seja possível só para quem tem recursos financeiros. E para que os médicos estejam mais preparados para lidar com isso. Já cheguei a passar por residentes que não sabiam identificar meu útero nem os ovários. Uma falta de respeito. Que Deus dê forças para cada uma de nós. Lá no fundo meu coração ainda espera por um milagre”.
Adriana Zen, 39 anos
ANUSKA RIBEIRO COSTA 26 de setembro de 2017
ola hje estou com 36 anos e cada+ dia que passa sinto a falta de uma criança em minha vida sou casadaa
a quse 20 anos pensava em ter filho la p 31 anos +ou – qundo estivesse com uma vida + tranquila
assim eu fiz so trablhava p conseguir ter casa e o tempo foi passando qundo cheguei ao 33 anos d idade
percebia q meu relogio biologico ja estava começando a gritar e apesar d todas as dificudades.. com o casamento
so pensava em ser mae ia na ginecologista dizia q tava tudo certo uma hora ia conseguir..
fiquei gravida ao 34 anos um gestçao ectopica q s complicou vim a perder meu utero
hje a chance q tenho ainda de ser mae e atraves d uma 3 pessoa gerando meu filho sei q e muito dificil
ms a q ainda tenho.
o tempo ta passando e cada dia minha angustia. aumenta
so peço a Deus q m ajude ainda tenho esperança..
conseguir
Pri Portugal 26 de setembro de 2017
oi, Anuska, eu sinto muito, imagino o tamanho da sua tristeza quando teve o diagnóstico. Tenho uma amiga querida que tem má formação no útero e nunca pode engravidar, mas ela adotou duas menininhas e tem uma família feliz 🙂 Você já considerou a adoção? Posso te enviar alguns depoimentos de final feliz depois dela. Sinta-se acolhida pelo site, de qualquer forma, e fique à vontade para desabafar, querida. Beijinho
Taís Santos 1 de outubro de 2017
Nunca pensei em ser mãe. Mas ao me casar pela 2 vez, meu marido me despertou essa vontade. Mesmo assim, resolvi esperar 4 anos. Então, um dia senti fortes dores abdominais e fui parar na emergência. Pra minha sorte o medico que me atendeu era ginecologista e descobriu uma endometriose. Meu mundo caiu. Não querer filhos é uma coisa, não poder ter é diferente. Entrei em depressão, mas fui procurar tratamento. Tomei injeções doloridas e como os efeitos colaterais eram terríveis perguntei ao médico se não podíamos repetir os exames para ver se algo havia mudado. A endometriose regrediu, o mioma reduziu de tamanho, mas a trompa direita ainda estava entupida. Perguntei se eu poderia tentar engravidar naturalmente e ele disse que eu conseguiria.
Depois de 6 meses tentando, minha depressão piorando, eu desisti. Infelizmente, não tenho dinheiro para FIV ou qualquer outra tecnica, muito menos pra exames mais caros. Como estava afundando emocionalmente, meu casamento sendo afetado, entendi que certas coisas não são pra ser. Conversei com meu marido, e mesmo triste, compreendeu.
Não desisti de vez. Estou com 32 anos e sei que tenho pouco tempo, mas preciso me tratar emocionalmente pra embarcar nessa de novo.
E entendi que tudo bem se não acontecer. Deus sabe de todas as coisas, e meu conselho pra quem está tentando é: tente até o fim! Use todos os recursos! Mas tenha lucidez pra entender se a resposta de Deus for não.
Isso não nos faz menos mulheres, nossos maridos não vão nos amar menos por isso e podemos ser felizes sem filhos.
Tenho um casal de amigos que são felizes sem filhos e o fizeram por opção.
Que possamos ser felizes com o sim de Deus, mas tenhamos sabedoria pra aceitar o não também.
Pri Portugal 2 de outubro de 2017
Taís, que linda mensagem, muito obrigada por compartilhar sua história. Espero que você se sinta acolhida pelo Cadê Meu Neném? Aqui, eu entrevisto médicos e terapeutas de diferentes áreas e de repente sua cura não precisa passar pela FIV. Dá uma busca no site por “trompas” e você vai ver que tem saída sem precisar de um tratamento tão caro. Já falamos com endocrinologistas, com acupunturistas… quando sentir que seu coração está mais leve, eu te aconselharia seguir por esses outros caminhos, que não custam caro e podem te trazer teu sonhado bebezinho <3. Se senti vontade de conversar, fique à vontade para me procurar no facebook.com/cadeomeunenem. Beijinho
Mayara 5 de outubro de 2017
Me sinto tão sozinha e desamparada! Deus nos ajude a termos filhos ?❤❤❤❤❤❤❤❤
Pri Portugal 5 de outubro de 2017
oi, Mayara, td bem? Você não está sozinha! Seja bem-vinda ao Cadê Meu Neném? e sinta-se acolhida e abraçada. Existem vários caminhos para tentarmos nossos bebês, nem sempre precisa gastar um dinheirão, viu? Acompanhe o site aqui e no Facebook (facebook.com/cadeomeunenem) e você vai ver que existem diversas terapias e soluções. Fique bem <3. Beijinho
Aline Lucena 19 de novembro de 2021
Nossa, quando eu li essa parte ” Como não tenho plano de saúde, precisei recorrer ao SUS. Lá, escutei que, se eu não tinha dinheiro para pagar um plano ou uma consulta médica, por que estava querendo um filho?” fiquei chocada, porque aconteceu comigo também. A diferença é que eu tenho plano de saúde e foi um médico do plano que falou isso pra mim. Eu e meu esposo tentamos engravidar há 6 anos e 8 meses, porém somente há 3 meses temo plano de saúde e só agora decidimos investigar o problema de fertilidade, antes disso apenas fazíamos coisas que víamos na internet. Te um mês que fiz a consulta e o médico de cara já disse que plano de saúde nenhum cobre tratamento de fertilização e eu deveria procurar uma clínica particular. Eu disse que queria investigar e fazer exames pelo plano justamente porque não tenho condições de fazer particular e ele logo já soltou ” Se você não tem condições de fazer um tratamento particular então você não têm condições de ter um filho… Você sabe quanto um filho faz você gastar por mês? Já foi na farmácia ver o preço da fralda? Eu tenho filho e posso falar que é muito caro”. Eu queria chorar na hora, mas aguentei firme e fiquei serena. Ele passou uns exames só para a consulta não ter sido em vão para mim porque se dependesse da “boa vontade” dele, pobre nenhum teria filhos.
Que Deus abençoe a todas as mulheres que têm dificuldades financeiras e físicas de ser mãe e dê a todas a realização desse sonho ❤️ e peço muito a Deus que me console caso os planos dEle para minha vida e de meu esposo não incluam ter filhos, Ele sabe o que é melhor 🙏🏼
Aline Lucena 19 de novembro de 2021
Farei os exames que ele pediu mas apresentarei os resultados à outro médico. Nunca me senti tão humilhada. Esse médico é especialista em fertilidade e atende no hospital pelo plano de saúde e tem também uma clínica particular de fertilização na Cidade. Espero muito que ele aprenda a ser mais humano sensível ao lhe dar com o público de baixa renda.
Pri Portugal 3 de março de 2022
Sinto muito por essa experiência e estou na torcida por vc, Aline. Bjinho, Pri Portugal (criadora do site)
Aline Lucena 19 de novembro de 2021
Farei os exames que ele pediu mas apresentarei os resultados à outro médico. Nunca me senti tão humilhada. Esse médico é especialista em fertilidade e atende no hospital pelo plano de saúde e tem também uma clínica particular de fertilização na Cidade. Espero muito que ele aprenda a ser mais humano sensível ao lhe dar com o público de baixa renda.
Pri Portugal 3 de março de 2022
Eu sinto muito e desejo que vc se sinta empoderada para procurar outro profissional, Aline. Aqui no Cadê tem muita informação valiosa e tenho certeza que vai te fortalecer. Bjinho, Pri Portugal (criadora do site)