Setembro/outubro de 2013

Decidimos raspar todas as economias e fazer um tratamento de fertilização in vitro (clique aqui para entender exatamente o que isto significa), que custa por volta de R$20.000. A fertilização tem mais chances de gravidez que a inseminação, a gente toma muita injeção (agulha fina, como de insulina, mas é, sim, injeção) de hormônio na barriga, faz ultrassom dia sim, dia não e vai vendo crescer a angústia – no meu caso, claro – de ter poucos óvulos com tamanho suficiente. “Tudo bem, só precisamos de dois”, me diz meu médico. E foi exatamente o que eu tive: dois óvulos maduros.

Meu marido colhe o material e a fertilização é feita em laboratório. O médico acompanha o desenvolvimento do embrião por três a cinco dias para ver se ele “vinga” e se vale a pena implementá-lo. Vingou! Uma alegria. Meus pais estavam aqui, choramos, rimos, nos abraçando, contando, finalmente com um final feliz, com uma gravidez… que não aconteceu.

Duas semanas depois, faço o exame de sangue e dá negativo. Isto nos abalou profundamente: fizemos tudo da maneira correta, passei dias sem me exercitar, sem levantar peso, um dia inteiro de repouso (o que, na história da minha vida, deve ter acontecido umas três vezes, no máximo), por que, então? POR QUÊ? Misturam-se a sensação de impotência, de frustração, de medo do futuro, de incapacidade, de dor, de desamparo e solidão. E também de revolta: será que eu não mereço ser mãe? Não merecemos essa gravidez? Não merecemos ser pais?


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